segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Amor sem escalas revela a desumanização do homem em sua relação com o trabalho





Amor sem Escalas (Up in the air) observa o universo masculino sob dois prismas. O primeiro revela no que se tornam os homens obcecados pelo seu trabalho, que levam a vida viajando. O segundo é consequencia deste: uma existência sem espaço para a construção de relacionamentos afetivos de qualquer espécie ou mesmo de enraizamento no conforto de um lar.
O que chama a atenção no filme é que o protagonista, o consultor Rayn Bingham de Geroge Clooney tem justamente a dura tarefa de demitir pessoas que tem família e filhos. Ele, solteiro convicto que passa 22 dias por ano em terra firme, em um apartamento impessoal e quase sem móveis, precisa destruir tudo aquilo que não tem. É irônico, mas ao mesmo tempo permite ao personagem fazer seu trabalho sem culpa, pois ele nunca esteve do outro lado para saber o que é um marido comunicar sua demissao à esposa.
Uma novata da empresa onde Ryan trabalha, uma psicóloga recém-formada, sugere que as demissões sejam feitas por videoconferência, para cortar custos. A possibilidade deixa Ryan em pânico, pois sua vida é estar dentro de aviões, hotéis e ministrar palestras motivacionais repletas de clichês.
Um roteiro muito bem elaborado faz com que ele tenha que lidar com uma grande mudança em sua vida, ao mesmo tempo em que experimenta um romance com uma mulher que conheceu em uma das viagens.
O filme resume bem o espírito que se abateu sobre o mercado de trabalho durante a crise de 2009 nos Estados Unidos, quando grandes companhias demitiram milhares de empregados.
Há momentos espetaculares no filme, como quando Ray revela que seu fetiche no programa de milhagem é conquistar dez milhões de milhões e ser um dos seletos proprietários de um cartão exclusivo da companhia aérea. Não é para voar de graça, mas apenas para ter o cartão. O filme o mostra como alguém que supre a carência afetiva se escondando atrás de relacionamentos casuais ou investindo energia ma escolha de promoções e cartões de fidelidade.
É um trabalho equlibrado do diretor Jason Reitman, que evita um desfecho fácil e óbvio para o personagem, ao mesmo tempo em que mostra com lupa de aumento, mas sem defender tese alguma, como o homem contemporâneo se torna desumanizado ao se identificar integralmente com seu trabalho.
Adorei o filme, mas pessoalmenteainda prefiro Obrigado Por Fumar e Juno, do mesmo diretor.

Um comentário:

Unknown disse...

Caramba, que blog bom. Gostei mesmo. bj