domingo, 15 de junho de 2008
O Fim dos tempos de Shyamalan peca por sér óbvio demais
Sou suspeito para falar de M. Night Shyamalan. Seu trabalhos pós-Sexto Sentido revelam qualidades e sutilezas que acabaram não sendo captadas pela maioria do público e da crítica. A cada filme, esperavam que ele apresentasse um festival de sustos e um fim mirabolante. É como se o sucesso de O Sexto Sentido tivesse depositado uma maldição sobre os ombros do homem. E a cada filme, ele era mais malhado ainda.
Em Corpo Fechado, havia uma ironia no subtexto da história. E se entre nós houvesse um herói de verdade? Que não fosse criação só de HQs e do cinema? Sinais revelou a segurança do diretor ao lidar com ameaças que não são explicitadas como o público quer. A Vila é uma crítica ao estado de caos e violência que anda tomando conta da vida nos grandes centros.
E A Dama na Água? Este então foi o filme mais apedrejado do diretor. Parte da crítica esqueceu de ler nas entrelinhas do filme uma espécie de desconstrução do aparato imaginário que sustenta o próprio ato de contar histórias, sejam elas contas de fadas fantásticos ou filmes.
Toda esta enrolação é para chegar ao mais recete trabalho do diretor. The Happening, no Brasil, Fim dos Tempos.
A assinatura Shyamalan está ali, logo no começo. Talvez buscando-se redimir dos fiascos de bilheteria anteriores, talvez pressionado pelo estúdio ou sei lá o que, em menos de cinco minutos são apresentados os elementos que vão conduzir o filme.
Inexplicavelmente, pessoas começam a falar de forma estranha. Páram de caminhar em pleno Central Park. Algumas andam para trás. E mais inexplicavelmente ainda se matam.
Esta pressa em pedir desculpa ao público tem um preço alto mais adiante. O que captura a atenção no começo é desembrulhado depois de forma enrolada, travada, numa alternância de explicações científicas com dramas familiares de separação e a previsível luta pela sobrevivência.
É como se o diretor pilotasse um avião com o freio de mão puxado. Falta um pouco de ousadia, de criatividade.
O roteiro amarra um trecho didático, que atribui a um toxina liberada pelas plantas a onda de suicídios, à fuga empreendida pelo casal formado pelo professor Elliot (Mark Wahlberg) e Alma (Zooey Deschannel). Esta última tão insossa quanto sopa fria de chuchu. Ela é tão ruim que toda vez que ela aparece em cena o filme dá uma volta para trás.
Esta fórmula de manual é tão fechada que tira um pouco do suspense em torno da própria situação, do pânico instaurado entre a população, que imagina se tratar de um ataque terrorista.
O próprio final em aberto confirma a intenção do autor de lidar com medos reais ou imaginários, sem necessariamente ter que apelar para mosntros gerados por efeitos especiais. Neste ponto, ele faz uma leitura muito pessoal dos clichês de filmes de suspense, deixando para a imaginação do público a tarefa de sentir medo de algo que não rosto.
O problema é que o público parece não ter mais muita paciência para esta tipo de ousadia.
Supense ecológico? Filme-catástrofe com alerta ambiental? Drama de sobrevivência com ameaça invisível? Difícil encaixar este " acontecimento" em algum gênero.
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3 comentários:
Fábio, o blog está cada vez mais legal! Eu adorando os comentários sobre os fimes. Continue escrevendo sempre!!!
Beijos
Fernanda Pinto
Blá, no fim vc tbm achou ruim.
"A Dama na Agua", apesar de massacrado por crítica e público é meu filme preferido do Shyamalan! E não é à toa que o crítico de cinema é comido pelo monstro...
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