terça-feira, 10 de junho de 2008
Hollywood africana é a terceira maior indústria de cinema do mundo
Apesar das dificuldades econômicas, a Nigéria tornou-se o terceiro maior pólo cinematográfico do mundo - atrás apenas de Hollywood, nos Estados Unidos e de Bollywood, na Índia - com um faturamento de US$ 250 milhões ao ano.
A conquista surpreendente do país africano, que está entre os 30 mais pobres do mundo, recebeu o nome de Nollywood, um trocadilho com a famosa Hollywood criado pelos meios de comunicação locais.
Apesar de sua precariedade - os filmes são feitos com orçamentos baixíssimos - há algo a se aprender com Nollywood. Com a grande demanda, a Nigéria foi o primeiro país a aperfeiçoar as técnicas do cinema digital. A edição, por exemplo, é feita em computadores caseiros pelos mais de 300 cineastas que atuam em Lagos, com recursos de multimídia disponíveis em programas à venda em qualquer loja de informática no mundo.
Em freqüente ascensão, Nollywood tem dado resultados positivos: o país aprendeu a criar uma verdadeira onda de celebridades emergentes, mais conhecidas do que líderes políticos. Consegue, também, produzir cerca de 1200 filmes no período, números impressionantes se compararmos esses padrões a Hollywood, por exemplo, cuja marca recorde é 400 produções anuais.
A Nigéria só aprendeu a conquistar este espaço em 1992, quando o clássico Living in Bondage, do diretor Chris Obi Rapu, foi comercializado em camelôs e acabou vendendo mais de 750 mil cópias. A partir daí, usando o VHS, muitas produtoras resolveram fazer seus próprios filmes, que começaram tímidos e amadores, mas depois foram se mostrando verdadeiras receitas de sucesso.
Esse "destaque-relâ mpago" da indústria motivou dois documentários recentes, This is Nollywood, dos diretores Franco Sacchi e Robert Caputo, e Welcome to Nollywood, do californiano Jamie Meltzer.
O primeiro acompanha os bastidores do filme nigeriano Check Point, encomendado por apenas US$ 20 mil por uma produtora local. Já Welcome to Nollywood mostra o dia-a-dia de três cineastas nigerianos, que têm que lutar contra o tempo para finalizar seus filmes com baixo orçamento.
Em entrevista ao Terra, Meltzer disse que o que mais fascina na indústria é a rapidez com que as produções são feitas. "Eu queria saber como eles conseguiam fazer filmes extremamente bem-sucedidos e fascinantes em um período de tempo tão pequeno, com poucos fundos e recursos."
Inspiração para a independência
A viagem de Meltzer ao continente africano trouxe alguns resultados positivos. Além de se deparar com um ramo completamente formado - e que cada vez mais se consolida como atividade básica -, ele também abriu espaço para que a própria Nollywood fosse vista. Como grande parte dos filmes são recusados em festivais internacionais, com seu documentário, Meltzer pôde mostrar um pouco do "fazer arte" nigeriano, levando muito desta atenção para o país.
"Eu aprendi com os diretores de Nollywood que praticamente tudo é possível, desde que você tenha coragem de fazer acontecer com o que tem em mãos. É com essas circunstâncias que eles se encontram, não existe nenhuma desculpa para não se fazer filmes", explica.
Diante dos pequenos períodos de tempo, ninguém envolvido na produção tem uma real preocupação com cenários, figurinos específicos ou locações externas. Tudo é feito, em grande parte, no improviso, o que não parece incomodar seus espectadores.
"A Nigéria, relativamente pobre, é o único país que conseguiu nos mostrar uma forma realmente moderna de cinema digital. Tudo isso soa como algo positivo e moderno em relação à África, um antídoto para o que grande parte da mídia mundial divulga, esses estereótipos, que parecem reais. A África não é um continente feito de vítimas e tragédias e não pode ser reduzida a isso", dispara Meltzer.
Produtoras da Nigéria incentivam venda de filmes por camelôs
Embora seja vilã em potencial do país, a pirataria de filmes na Nigéria é reduzida graças a uma distribuição acelerada das produtoras. Atrás dos lucros, essas empresas enviam cópias originais de seus produtos para os camelôs, que os comercializam por, no máximo, US$ 5.
Com a falta de salas de cinema no país, distribuidoras correm contra o tempo para mandar seus lançamentos aos camelôs e grandes lojistas, em uma forma de comércio livre. A pirataria, porém, toma o controle assim que cópias informais são vendidas por um preço ainda menor pelos próprios vendedores ambulantes que comercializam os filmes originais.
Combatendo este mal, algumas emissoras de TV criaram canais exclusivos para a exibição destas produções. É o caso do AMC (African Movie Channel), que exibe filmes recém-lançados ou mesmo clássicos antigos, indisponíveis nas prateleiras. O sucesso das transmissões fez com que o canal ganhasse uma filial na Europa, por meio da TV paga.
"Eles estão mais interessados em atingir uma audiência que está dentro de casa. Funciona como uma alternativa contra o domínio que Hollywood e o cinema da Índia representam em todo o mundo", cita Jamie Meltzer, documentarista americano que produziu Welcome to Nollywood, um relato direto de três diretores nigerianos.
Recepção do lado de fora
Se a pirataria é a vilã de Nollywood, aqui do lado de fora não fica diferente. No continente americano, em países como o Brasil e Estados Unidos, a distribuição dos filmes é escassa. A pouca procura que se têm deles acontece por meio da Internet ou mercados ilegais, o que dificulta que eles sejam exportados com facilidade.
Poucos cineastas brasileiros conhecem o trabalho cinematográfico que se faz na Nigéria. O número de artigos a respeito do assunto na Internet é pequeno e se perde em cópias pouco explicativas.
A temática dos longas também pode assustar a um primeiro olhar. Um dos poucos sites, mundialmente conhecido, que disponibilizam este conteúdo é o You Tube, reunindo dezenas de trailers e imagens de bastidores.
"Para quem está aqui fora, é muito surpreendente entrar em contato com esses filmes. Eles rompem todos os estereótipos e mal-entendidos que envolvem a África", explica Meltzer.
Interesse geral
Assim como as novelas no Brasil, Nollywood abre a discussão pertinente de temas atuais, que tem alguma relação com seus espectadores.
Muitos filmes falam sobre a epidemia do HIV e de temas religiosos e crenças populares, como bruxaria e magia negra. O próprio Living in Bondage é um relato confuso sobre uma história de vodu.
"Os filmes e seus assuntos mudam completamente, em resposta ao mercado - o que funciona e o que não. Isso acontece por causa da grande massa cultural que existe por ali, uma massa que faz com que Nollywood seja seu maior produtor", acrescenta.
De 2000 para cá, alguns diretores passaram a investir mais em filmes de ação, usando armas e explosivos, nada relacionado aos avanços dos efeitos computadorizados.
Maior estrela da Nigéria ganha 600 vezes menos que Angelina Jolie
Em pouco mais de dez anos de sua ascensão, Nollywood já tem uma carteira de astros muito mais conhecidos e cultuados do que seus próprios líderes políticos. A nigeriana Genevieve NNaji é uma delas. Seus padrões financeiros, porém, não chegam perto de Angelina Jolie, maior musa de Hollywood da atualidade, ganhando 600 vezes menos que a americana.
Celebridade mais cultuada da Nigéria, Genevieve passa por constantes transformações. Aos 24 anos, a atriz tem sua vida exposta diariamente pelos jornais locais e possui centenas de comunidades na Internet, além de ser assunto freqüente em fóruns de fãs.
Para se ter uma idéia, o seu nome é obrigatoriamente o primeiro lugar em praticamente todos os sites de busca que estejam relacionados a Nollywood. E não é para menos.
Genevieve Nnaji tem, no currículo, mais de 80 filmes. Sua carreira no cinema começou cedo, em 1999, mas foi em 2002 que seu rosto estampou dezenas de capas de revista, especialmente depois de estrelar o romance Women Affair, que tornou-se item obrigatório dos camelôs, no centro da cidade de Lagos.
A atriz é o típico exemplo de quem tem a vida comandada pela mídia local, mostrando que isso não é exclusividade das celebridades americanas. Com a carreira em ascensão, Genevieve sofre as conseqüências de viver em Lagos e ter que se esconder para andar nas ruas.
Em recente entrevista, ela disse que teve que mudar seu telefone seis vezes, três apenas em 2006, e que já não sai mais com sua filha pela exposição que ela pode sofrer.
Nos últimos anos, Genevieve foi alvo de críticas disparadas à sua personalidade. Jornais e sites locais afirmavam que ela não respondia à altura de seus fãs e que evitava a presença de fotógrafos e imprensa em qualquer lugar que fosse.
Crescer em um local em que era tão popular parece ter incomodado Genevieve. Ela já declarou, diversas vezes, que pretende deixar a Nigéria por um tempo, de modo que possa viver como uma pessoa comum.
O preço da alta exposição na indústria cinematográfica da Nigéria, porém, é muito longe do que as celebridades de Hollywood pagam.
Longe de receber os valores milionários de estrelas como Angelina Jolie e Nicole Kidman, com cachês que giram em torno de US$ 12 milhões, Genevieve ganha no máximo US$ 20 mil por filme. Para se ter uma idéia, seu maior salário foi quando fechou um contrato publicitário com a marca de sabonetes Lux, tornando-se protagonista da campanha.
Sua própria ascensão como atriz aconteceu por acaso. A moça não completou os estudos básicos e foi descoberta ocasionalmente por produtores da cidade de Lagos. É assim que grande parte dos atores e atrizes da região conseguem crescer na carreira. Como o salário e as condições de vida na Nigéria são baixas, segundo a ONU, a grande esperança dos jovens é mostrar seus rostos nas telas da TV.
Em Nollywood, quanto mais jovem se é, mais valor se dá ao seu trabalho. É o caso das atrizes Ebbe Bassey e Ibinabo Fiberesima, estrelas de uma série de filmes românticos e com temática mais adolescente, alvo principal dos muçulmanos que moram na região da Nigéria e alguns cristãos ortodoxos.
A atriz não mostra que se abala com esse tipo de crítica. "Se isso os incomoda tanto, eles deveriam parar de assistir. Ninguém pode dizer se estou próxima ou não de Deus. Foi ele que me deu todo esse sucesso", dispara.
Apesar de Nollywood ser o terceiro maior pólo cinematográfico, muitos artistas nigerianos sonham em fazer carreira internacional. O rapper e ator Ramsey Nouah é um caso plausível. Mais conhecido do que o presidente da Nigéria, como foi publicado anteriormente em uma matéria do The Independent, Nouah rumou para os Estados Unidos no ano passado, onde tentou uma carreira artística.
A viagem tornou-se um verdadeiro tormento para o ator, que não conseguiu papel em nenhum filme e ainda não teve quem o ajudasse na dura tarefa de levantar sua carreira musical. Enquanto isso, na Nigéria, suas convenções com o público aumentam cada vez mais, assim como sua popularidade nos filmes da indústria. O caso típico de um ramo que cresceu assustadoramente, mas não tem seu devido reconhecimento no resto do mundo.
A conquista surpreendente do país africano, que está entre os 30 mais pobres do mundo, recebeu o nome de Nollywood, um trocadilho com a famosa Hollywood criado pelos meios de comunicação locais.
Apesar de sua precariedade - os filmes são feitos com orçamentos baixíssimos - há algo a se aprender com Nollywood. Com a grande demanda, a Nigéria foi o primeiro país a aperfeiçoar as técnicas do cinema digital. A edição, por exemplo, é feita em computadores caseiros pelos mais de 300 cineastas que atuam em Lagos, com recursos de multimídia disponíveis em programas à venda em qualquer loja de informática no mundo.
Em freqüente ascensão, Nollywood tem dado resultados positivos: o país aprendeu a criar uma verdadeira onda de celebridades emergentes, mais conhecidas do que líderes políticos. Consegue, também, produzir cerca de 1200 filmes no período, números impressionantes se compararmos esses padrões a Hollywood, por exemplo, cuja marca recorde é 400 produções anuais.
A Nigéria só aprendeu a conquistar este espaço em 1992, quando o clássico Living in Bondage, do diretor Chris Obi Rapu, foi comercializado em camelôs e acabou vendendo mais de 750 mil cópias. A partir daí, usando o VHS, muitas produtoras resolveram fazer seus próprios filmes, que começaram tímidos e amadores, mas depois foram se mostrando verdadeiras receitas de sucesso.
Esse "destaque-relâ mpago" da indústria motivou dois documentários recentes, This is Nollywood, dos diretores Franco Sacchi e Robert Caputo, e Welcome to Nollywood, do californiano Jamie Meltzer.
O primeiro acompanha os bastidores do filme nigeriano Check Point, encomendado por apenas US$ 20 mil por uma produtora local. Já Welcome to Nollywood mostra o dia-a-dia de três cineastas nigerianos, que têm que lutar contra o tempo para finalizar seus filmes com baixo orçamento.
Em entrevista ao Terra, Meltzer disse que o que mais fascina na indústria é a rapidez com que as produções são feitas. "Eu queria saber como eles conseguiam fazer filmes extremamente bem-sucedidos e fascinantes em um período de tempo tão pequeno, com poucos fundos e recursos."
Inspiração para a independência
A viagem de Meltzer ao continente africano trouxe alguns resultados positivos. Além de se deparar com um ramo completamente formado - e que cada vez mais se consolida como atividade básica -, ele também abriu espaço para que a própria Nollywood fosse vista. Como grande parte dos filmes são recusados em festivais internacionais, com seu documentário, Meltzer pôde mostrar um pouco do "fazer arte" nigeriano, levando muito desta atenção para o país.
"Eu aprendi com os diretores de Nollywood que praticamente tudo é possível, desde que você tenha coragem de fazer acontecer com o que tem em mãos. É com essas circunstâncias que eles se encontram, não existe nenhuma desculpa para não se fazer filmes", explica.
Diante dos pequenos períodos de tempo, ninguém envolvido na produção tem uma real preocupação com cenários, figurinos específicos ou locações externas. Tudo é feito, em grande parte, no improviso, o que não parece incomodar seus espectadores.
"A Nigéria, relativamente pobre, é o único país que conseguiu nos mostrar uma forma realmente moderna de cinema digital. Tudo isso soa como algo positivo e moderno em relação à África, um antídoto para o que grande parte da mídia mundial divulga, esses estereótipos, que parecem reais. A África não é um continente feito de vítimas e tragédias e não pode ser reduzida a isso", dispara Meltzer.
Produtoras da Nigéria incentivam venda de filmes por camelôs
Embora seja vilã em potencial do país, a pirataria de filmes na Nigéria é reduzida graças a uma distribuição acelerada das produtoras. Atrás dos lucros, essas empresas enviam cópias originais de seus produtos para os camelôs, que os comercializam por, no máximo, US$ 5.
Com a falta de salas de cinema no país, distribuidoras correm contra o tempo para mandar seus lançamentos aos camelôs e grandes lojistas, em uma forma de comércio livre. A pirataria, porém, toma o controle assim que cópias informais são vendidas por um preço ainda menor pelos próprios vendedores ambulantes que comercializam os filmes originais.
Combatendo este mal, algumas emissoras de TV criaram canais exclusivos para a exibição destas produções. É o caso do AMC (African Movie Channel), que exibe filmes recém-lançados ou mesmo clássicos antigos, indisponíveis nas prateleiras. O sucesso das transmissões fez com que o canal ganhasse uma filial na Europa, por meio da TV paga.
"Eles estão mais interessados em atingir uma audiência que está dentro de casa. Funciona como uma alternativa contra o domínio que Hollywood e o cinema da Índia representam em todo o mundo", cita Jamie Meltzer, documentarista americano que produziu Welcome to Nollywood, um relato direto de três diretores nigerianos.
Recepção do lado de fora
Se a pirataria é a vilã de Nollywood, aqui do lado de fora não fica diferente. No continente americano, em países como o Brasil e Estados Unidos, a distribuição dos filmes é escassa. A pouca procura que se têm deles acontece por meio da Internet ou mercados ilegais, o que dificulta que eles sejam exportados com facilidade.
Poucos cineastas brasileiros conhecem o trabalho cinematográfico que se faz na Nigéria. O número de artigos a respeito do assunto na Internet é pequeno e se perde em cópias pouco explicativas.
A temática dos longas também pode assustar a um primeiro olhar. Um dos poucos sites, mundialmente conhecido, que disponibilizam este conteúdo é o You Tube, reunindo dezenas de trailers e imagens de bastidores.
"Para quem está aqui fora, é muito surpreendente entrar em contato com esses filmes. Eles rompem todos os estereótipos e mal-entendidos que envolvem a África", explica Meltzer.
Interesse geral
Assim como as novelas no Brasil, Nollywood abre a discussão pertinente de temas atuais, que tem alguma relação com seus espectadores.
Muitos filmes falam sobre a epidemia do HIV e de temas religiosos e crenças populares, como bruxaria e magia negra. O próprio Living in Bondage é um relato confuso sobre uma história de vodu.
"Os filmes e seus assuntos mudam completamente, em resposta ao mercado - o que funciona e o que não. Isso acontece por causa da grande massa cultural que existe por ali, uma massa que faz com que Nollywood seja seu maior produtor", acrescenta.
De 2000 para cá, alguns diretores passaram a investir mais em filmes de ação, usando armas e explosivos, nada relacionado aos avanços dos efeitos computadorizados.
Maior estrela da Nigéria ganha 600 vezes menos que Angelina Jolie
Em pouco mais de dez anos de sua ascensão, Nollywood já tem uma carteira de astros muito mais conhecidos e cultuados do que seus próprios líderes políticos. A nigeriana Genevieve NNaji é uma delas. Seus padrões financeiros, porém, não chegam perto de Angelina Jolie, maior musa de Hollywood da atualidade, ganhando 600 vezes menos que a americana.
Celebridade mais cultuada da Nigéria, Genevieve passa por constantes transformações. Aos 24 anos, a atriz tem sua vida exposta diariamente pelos jornais locais e possui centenas de comunidades na Internet, além de ser assunto freqüente em fóruns de fãs.
Para se ter uma idéia, o seu nome é obrigatoriamente o primeiro lugar em praticamente todos os sites de busca que estejam relacionados a Nollywood. E não é para menos.
Genevieve Nnaji tem, no currículo, mais de 80 filmes. Sua carreira no cinema começou cedo, em 1999, mas foi em 2002 que seu rosto estampou dezenas de capas de revista, especialmente depois de estrelar o romance Women Affair, que tornou-se item obrigatório dos camelôs, no centro da cidade de Lagos.
A atriz é o típico exemplo de quem tem a vida comandada pela mídia local, mostrando que isso não é exclusividade das celebridades americanas. Com a carreira em ascensão, Genevieve sofre as conseqüências de viver em Lagos e ter que se esconder para andar nas ruas.
Em recente entrevista, ela disse que teve que mudar seu telefone seis vezes, três apenas em 2006, e que já não sai mais com sua filha pela exposição que ela pode sofrer.
Nos últimos anos, Genevieve foi alvo de críticas disparadas à sua personalidade. Jornais e sites locais afirmavam que ela não respondia à altura de seus fãs e que evitava a presença de fotógrafos e imprensa em qualquer lugar que fosse.
Crescer em um local em que era tão popular parece ter incomodado Genevieve. Ela já declarou, diversas vezes, que pretende deixar a Nigéria por um tempo, de modo que possa viver como uma pessoa comum.
O preço da alta exposição na indústria cinematográfica da Nigéria, porém, é muito longe do que as celebridades de Hollywood pagam.
Longe de receber os valores milionários de estrelas como Angelina Jolie e Nicole Kidman, com cachês que giram em torno de US$ 12 milhões, Genevieve ganha no máximo US$ 20 mil por filme. Para se ter uma idéia, seu maior salário foi quando fechou um contrato publicitário com a marca de sabonetes Lux, tornando-se protagonista da campanha.
Sua própria ascensão como atriz aconteceu por acaso. A moça não completou os estudos básicos e foi descoberta ocasionalmente por produtores da cidade de Lagos. É assim que grande parte dos atores e atrizes da região conseguem crescer na carreira. Como o salário e as condições de vida na Nigéria são baixas, segundo a ONU, a grande esperança dos jovens é mostrar seus rostos nas telas da TV.
Em Nollywood, quanto mais jovem se é, mais valor se dá ao seu trabalho. É o caso das atrizes Ebbe Bassey e Ibinabo Fiberesima, estrelas de uma série de filmes românticos e com temática mais adolescente, alvo principal dos muçulmanos que moram na região da Nigéria e alguns cristãos ortodoxos.
A atriz não mostra que se abala com esse tipo de crítica. "Se isso os incomoda tanto, eles deveriam parar de assistir. Ninguém pode dizer se estou próxima ou não de Deus. Foi ele que me deu todo esse sucesso", dispara.
Apesar de Nollywood ser o terceiro maior pólo cinematográfico, muitos artistas nigerianos sonham em fazer carreira internacional. O rapper e ator Ramsey Nouah é um caso plausível. Mais conhecido do que o presidente da Nigéria, como foi publicado anteriormente em uma matéria do The Independent, Nouah rumou para os Estados Unidos no ano passado, onde tentou uma carreira artística.
A viagem tornou-se um verdadeiro tormento para o ator, que não conseguiu papel em nenhum filme e ainda não teve quem o ajudasse na dura tarefa de levantar sua carreira musical. Enquanto isso, na Nigéria, suas convenções com o público aumentam cada vez mais, assim como sua popularidade nos filmes da indústria. O caso típico de um ramo que cresceu assustadoramente, mas não tem seu devido reconhecimento no resto do mundo.
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Um comentário:
Oi, Fábio!
Tudo bem?
Amanhã termina o prazo da entrega da 1a parte da minha Mono para o orientador, que fala justamente das indústrias nigeriana, indiana e hollywoodiana...e hoje pesquisando no google me deparei com seu blog...rsrsr e resolvi dar um oi.Assim que a Natasha chegar marcamos algo pq sua lembrancinha ainda está aqui, viu?! Ela chega mês que vem.Até lá.Abs, mariana.
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