quarta-feira, 11 de junho de 2008

Escolhendo cinema como carreira

Jessica Candal Sato jamais imaginou que ao assistir um filme sobre a banda The Doors na tevê a cabo, ainda na adolescência, teria seu interesse pelo cinema despertado. Mas foi isso que aconteceu. A partir daí, tudo o que ela vivia sempre virava um “filme mental”. Outro fator decisivo e que a motivou na escolha da profissão foi uma matéria, como esta que você está lendo agora, que ela leu sobre a profissão.

“Eu sempre gostei muito de cinema e vi que isso poderia ser um trabalho”, conta Jessica, especialista em fotografia e roteiro, e que se formou em 2006 na Universidade de São Paulo (USP) no Curso Superior do Audiovisual (que até 1999 se chamava Cinema e Vídeo). No entanto, a vida do profissional de cinema exige muito trabalho e horas de dedicação, principalmente para quem faz produção de filme, com jornadas de no mínimo oito horas diárias no set de filmagem, inclusive nos fins de semana. Por outro lado, com a disseminação de equipamentos digitais, a produção de filmes teve seu custo barateado.

Na graduação, o aluno tem contato com disciplinas que oferecem todo o princípio de produção e reflexão do cinema, como a linguagem narrativa e todo o procedimento prático. “O profissional formado nesta área tem uma ampla gama de atuação, podendo trabalhar em todos os processos de comunicação audiovisual que abrange a crítica cinematográfica – para veículo de comunicação –, roteiro, programação de festivais e de canais de tevê, publicidade, televisão, rádio, produção, além do ensino na universidade e em cursos técnicos”, diz Eduardo Baggio, chefe do Departamento de Comunicação, responsável pelo Curso de Cinema e Vídeo da Faculdade de Artes do Paraná (FAP).

Uma realidade do mercado de trabalho é que muitos profissionais atuam como free-lancers. Segundo Jessica, é o mercado publicitário que oferece estabilidade na carreira. “Boa parte dos profissionais vai para a área publicitária para se manter e estar inserido no meio social. Já a produção de filmes sempre depende de editais. Aqui no Brasil não há uma indústria cinematográfica como existe nos Estados Unidos. Apenas alguns trabalhos dão retorno comercial. Cidade de Deus e Tropa de Elite, no meu ver, talvez sejam exemplos de filmes bem sucedidos”, diz Jessica, que atualmente dá aulas de linguagem audiovisual.

Durante o período da faculdade, Jessica teve a oportunidade de trabalhar como assistente de direção de arte em dois longas, inclusive do diretor paranaense Fernando Severo. No entanto, enfatiza o interesse que cada estudante deve ter pelo curso. “O pessoal que faz faculdade tem de aproveitar. Em cinema, a parte prática depende de cada um. É importante cada profissional saber aonde quer chegar. Eu estou num caminho interessante. Quero sempre trabalhar aliando produção e reflexão, e a educação me possibilita isso. Pretendo ainda fazer um longa-metragem, creio que esse é o sonho de boa parte dos profissionais”, afirma Jessica. Ela está produzindo o documentário Espelho de Ana, que retrata as condições da mulher na atualidade.

A profissão ainda não tem uma jornada de trabalho definida, nem sindicatos da classe que regulamentem o piso salarial. Atualmente existem apenas sindicatos que regulamentam a carga horária de trabalho dos técnicos que atuam na área. “Não é uma profissão como as tradicionais, que têm seus sindicatos, conselhos. A vantagem é poder fazer um trabalho que tem um pouco da sua personalidade”, completa Jessica.

Perfil

Faculdades

Somente a Faculdade de Artes do Paraná (FAP) oferece o curso de Cinema e Vídeo.

Remuneração Não existe piso salarial para os profissionais formados em Cinema. A remuneração varia de acordo com a função exercida. Um assistente pode receber em média um salário mínimo, enquanto um diretor de fotografia pode ser remunerado com R$ 3 mil.

Falso ou verdadeiro?

Todos os profissionais trabalham em grandes produções

Falso.

Nem todos os graduados em Cinema trabalham com produção de filmes para a telona. O profissional pode atuar como crítico, professor, com programação de festivais e de canais de televisão e produção publicitária.

São raros os empregos com carteira assinada

Verdadeiro.

É muito comum o profissional que atua com produção, principalmente de cinema, firmar contratos temporários, por projeto.

(Vestibular - Gazeta do Povo - Sandra Volf - 09/06/2008)


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