segunda-feira, 8 de março de 2010
Hollywood despreza Avatar e dá as costas para a experiência do cinema
Confesso que até agora não consegui entender muito bem este desprezo de Hollywood por Avatar. Toda aquela gente bem vestida, bem maquiada e muito bem paga que estava na platéia do Teatro Kodak vive do dinheirinho que a gente pinga na bilheteria do cinema quando vai assistir a um filme. Está bem, a rentabilidade desta indústria não vem só do circuito exibidor, mas do home vídeo, cabo, locação, Tv aberta, merchandising, licenciamento de produtos, etc.
Mas bilheteria ainda conta e muito, sobretudo para a sobrevivência do negócio da exibição, que vem perdendo púlico brutalmente. Será que aquele povo todo não sabe que no mundo inteiro a experiência de ver um filme em uma sala escura é uma experiência em extinção?
Pensemos no caso brasileiro. Só há cinemas em shoppings, o que já elitiza a experiência, favorecendo o veículo e o cinema como diversão dentro de centros de compras decorados com colunas de profundo mau gosto, as ilhas de segurança artificial que protegem a classe média da violência. O ingresso é caro. Há milhões de opções em filmes nos canais a cabo, nas locadoras e pela INternet, no conforto e privacidade do lar, em home teathers que lembram telas de cinema em imagem e som.
Então, para que gastar dinheiro e ir ao cinema?
Daí que se cria uma tecnologia para fazer o sujeito tirar a bunda do sofá da sala, largar o controle remoto e deixar o computador. Cria-se uma experiência sensorial que só pode ser oferecida em uma sala escura. Aponta-se uma caminho para o futuro do cinema como exibição. E essa gente, vá saber porque, ignora este caminho.
Avatar, já escrevi aqui, não é em si um grande filme. Fora do cinema, seus problemas ficam ainda mais visíveis: seus esquemas simplificadores e rasos no tratamento do bem e do mal, sua caracterização superficial de personagens, os diálogos pobres, os furos de dramaturgia, os trechos cansativo, as explicações científicas enroladas, as sequencias cansativas e arrastadas, o final previsível.
James Cameron é arrogante e um roteirista bem meia boca, se acha o todo poderoso, é dinheirista pra burro, tudo bem.
Mas a EXPERIENCIA QUE AVATAR PROPORCIONA é tão grandiosa quanto a que os filmes dos Lumiére devem ter proporcionado aos incrédulos espectadores que viram imagens animadas em 1895, em Paris. É maravilhosa, é única, é algo que só a sala de cinema e só o 3-d podem oferecer.
Escrevi aqui que a tia Leonor, da pipoca, viu Avatar e ficou feliz por ter pago seus vinte reais (caro, com razão segundo ela). Tia Leonor não ia ao cinema há uns 30 anos, mas de tanto ouvir falar neste tal de Avatar arrastou filha e netos e foi. Pode não ter entendido muito, mas ficou extasiada, encantada, hipnotizada. Disse que era um troço doido de bonito, que ela se sentiu lá dentro, voando com os na´vis, tocando aqueles bichos e plantas esquisitas.
Tia Leonor ficou na fila para ver um filme no cinema. Arrastou mais uns dez familiares com ela. Tia Leonor, assim como milhoes de pessoas mundo afora, saíram de casa para ver no cinema uma experiência que nao teriam na TV.
Tia Leonor é quem deveria estar de vestido de griffe, maquiada e com brincos dourados sentada no Teatro Kodak, ontem.
Mas bilheteria ainda conta e muito, sobretudo para a sobrevivência do negócio da exibição, que vem perdendo púlico brutalmente. Será que aquele povo todo não sabe que no mundo inteiro a experiência de ver um filme em uma sala escura é uma experiência em extinção?
Pensemos no caso brasileiro. Só há cinemas em shoppings, o que já elitiza a experiência, favorecendo o veículo e o cinema como diversão dentro de centros de compras decorados com colunas de profundo mau gosto, as ilhas de segurança artificial que protegem a classe média da violência. O ingresso é caro. Há milhões de opções em filmes nos canais a cabo, nas locadoras e pela INternet, no conforto e privacidade do lar, em home teathers que lembram telas de cinema em imagem e som.
Então, para que gastar dinheiro e ir ao cinema?
Daí que se cria uma tecnologia para fazer o sujeito tirar a bunda do sofá da sala, largar o controle remoto e deixar o computador. Cria-se uma experiência sensorial que só pode ser oferecida em uma sala escura. Aponta-se uma caminho para o futuro do cinema como exibição. E essa gente, vá saber porque, ignora este caminho.
Avatar, já escrevi aqui, não é em si um grande filme. Fora do cinema, seus problemas ficam ainda mais visíveis: seus esquemas simplificadores e rasos no tratamento do bem e do mal, sua caracterização superficial de personagens, os diálogos pobres, os furos de dramaturgia, os trechos cansativo, as explicações científicas enroladas, as sequencias cansativas e arrastadas, o final previsível.
James Cameron é arrogante e um roteirista bem meia boca, se acha o todo poderoso, é dinheirista pra burro, tudo bem.
Mas a EXPERIENCIA QUE AVATAR PROPORCIONA é tão grandiosa quanto a que os filmes dos Lumiére devem ter proporcionado aos incrédulos espectadores que viram imagens animadas em 1895, em Paris. É maravilhosa, é única, é algo que só a sala de cinema e só o 3-d podem oferecer.
Escrevi aqui que a tia Leonor, da pipoca, viu Avatar e ficou feliz por ter pago seus vinte reais (caro, com razão segundo ela). Tia Leonor não ia ao cinema há uns 30 anos, mas de tanto ouvir falar neste tal de Avatar arrastou filha e netos e foi. Pode não ter entendido muito, mas ficou extasiada, encantada, hipnotizada. Disse que era um troço doido de bonito, que ela se sentiu lá dentro, voando com os na´vis, tocando aqueles bichos e plantas esquisitas.
Tia Leonor ficou na fila para ver um filme no cinema. Arrastou mais uns dez familiares com ela. Tia Leonor, assim como milhoes de pessoas mundo afora, saíram de casa para ver no cinema uma experiência que nao teriam na TV.
Tia Leonor é quem deveria estar de vestido de griffe, maquiada e com brincos dourados sentada no Teatro Kodak, ontem.
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2 comentários:
Confesso que li este post com preconceito, pois eu não gostei nem um pouco de Avatar, justamente pelos motivos que vc acabou de descrever. então, nunca me ocorreu que ele merecia um oscar. parabéns, vc conseguiu por em palavras tudo que eu sentia em relação ao filme. mas ainda acho que um filme não deve ser premiado somente pela sua bilheteria, ou pela 'experiência cinematográfica', veja O Poderoso Chefão: não custou bilhões de dólares para ser produzido e ainda sim foi uma marca para o Cinema. Um filme tem que ser premiado pela 'alma' dele. Vc tem que sair de um filme com seu espírito modificado por ele. e Avatar só excita as pessoas, mas não as modifica. Por isso eu concordo com os engravatados de Hollywood. Mas confesso que seus argumentos são maravilhosos!
Comentário lido e publicado!
O filme é mesmo puramente sensorial...na Tv ele se torna apenas mais um filme.
abs e e obg pela sua visita!
F.
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