domingo, 15 de fevereiro de 2009
MILK é brilhante como retrato, mas perde força em seu desenvolvimento
Nao sou o maior especialista do mundo em Gus Van Sant, mas gosto muito de Drugstore Cowboy, aquele com Matt Dillon e com uma pontinha do poeta beatnik Allen Ginsberg, sobre jovens que assaltam farmácias e hospitais para se drogarem.
É um trabalho bonito, honesto, sensível, equilibrado, que nao aponta em momento algum o dedo acusador para seus tipos outsiders, optando com extrair desta trajetória auto-destrutiva alguma percepção maior sobre o papel que estes personagens poderiam ocupar numa sociedade que tenta imprimir padrões próprios e fechados de felicidade.
Também gosto do tom documental e seco com que ele construiu Elefante, sobre o massacre de Columbine. Se Michael Moore explora o fato em si, a Van Sant interessou mais contextualizar o universo em que os jovens envolvidos no massacre viviam e usar esta contextualização como reflexão sobre a a violência no mundo contemporâneo.
Sobre o remake de Psicose, nada a declarar. Foi um escorregão feio que merece ser esquecido.
O mais recente filme de Van Sant é MILK, que deve chegar logo por aqui. Aborda a trajetória pessoal e política de Harvey Milk, primeiro homosexxual confesso a ser eleito supervisor (cargo equivalente ao de vereador) na São Francisco dos anos 70.
Empresário de visão, que já sabia muito bem o potencial do mercado gay, Milk acreditava que as discriminações contra homossexuais exigiriam mais que passeatas e beijos desafiadores em público. Exigiriam participação ativa na política.
Após uma série de derrotas, Milk é eleito e finalmente tem nas mãos o poder de votar leis contra a homofobia, em um ambiente dominado por políticos conservadores e preconceituosos.
O filme equilibra bem a vida pessoal de Milk e como sua militância política exigiu um alto e trágico preço. Imagens de passeatas e violência policial contextualizam o clima da época.
A câmera na mao, a montagem permeada com cortes rápidos e secos, dá um ritmo alucinante e colorido à narrativa. mais que isso, temos a nítida impressão de ver imagens puras, captadas no calor da hora por um câmera amador que presencia os acontecimentos de perto.
O Milk de Sean Penn é impecável no tom de voz aos gestos e seria uma tristeza se não fosse reconhecido pela Academia na cerimônia do próximo dia 22.
A partir do momento em que obtém o cargo público, o filme se extende demais em discussões sobre conchavos, acertos e acordos. Aquele colorido inicial, na trama e na forma, são engolidos por uma linearidade fria e convencional.
Milk é bacana porque resiste à tentação de ser o panfleto de uma causa. Prefere observar as nuances em torno da luta contra a discriminação e nesta observação está seu mérito maior - além de Sean Penn. Mas carece, sobretudo da metade em diante, de uma alma, tornando-se assim um filme bem conduzido, mas de apelo restrito ao mercado americano.
Um detalhe é que a crítica americana em peso amou o filme.
O que Brokeback Mountain tinha de universal em sua condução honesta do relacionamento impossível entre dois homens falta a MILK. É um grande retrato do ativismo gay americano na década de 70, mas isso em si nao entusisma.
É um trabalho bonito, honesto, sensível, equilibrado, que nao aponta em momento algum o dedo acusador para seus tipos outsiders, optando com extrair desta trajetória auto-destrutiva alguma percepção maior sobre o papel que estes personagens poderiam ocupar numa sociedade que tenta imprimir padrões próprios e fechados de felicidade.
Também gosto do tom documental e seco com que ele construiu Elefante, sobre o massacre de Columbine. Se Michael Moore explora o fato em si, a Van Sant interessou mais contextualizar o universo em que os jovens envolvidos no massacre viviam e usar esta contextualização como reflexão sobre a a violência no mundo contemporâneo.
Sobre o remake de Psicose, nada a declarar. Foi um escorregão feio que merece ser esquecido.
O mais recente filme de Van Sant é MILK, que deve chegar logo por aqui. Aborda a trajetória pessoal e política de Harvey Milk, primeiro homosexxual confesso a ser eleito supervisor (cargo equivalente ao de vereador) na São Francisco dos anos 70.
Empresário de visão, que já sabia muito bem o potencial do mercado gay, Milk acreditava que as discriminações contra homossexuais exigiriam mais que passeatas e beijos desafiadores em público. Exigiriam participação ativa na política.
Após uma série de derrotas, Milk é eleito e finalmente tem nas mãos o poder de votar leis contra a homofobia, em um ambiente dominado por políticos conservadores e preconceituosos.
O filme equilibra bem a vida pessoal de Milk e como sua militância política exigiu um alto e trágico preço. Imagens de passeatas e violência policial contextualizam o clima da época.
A câmera na mao, a montagem permeada com cortes rápidos e secos, dá um ritmo alucinante e colorido à narrativa. mais que isso, temos a nítida impressão de ver imagens puras, captadas no calor da hora por um câmera amador que presencia os acontecimentos de perto.
O Milk de Sean Penn é impecável no tom de voz aos gestos e seria uma tristeza se não fosse reconhecido pela Academia na cerimônia do próximo dia 22.
A partir do momento em que obtém o cargo público, o filme se extende demais em discussões sobre conchavos, acertos e acordos. Aquele colorido inicial, na trama e na forma, são engolidos por uma linearidade fria e convencional.
Milk é bacana porque resiste à tentação de ser o panfleto de uma causa. Prefere observar as nuances em torno da luta contra a discriminação e nesta observação está seu mérito maior - além de Sean Penn. Mas carece, sobretudo da metade em diante, de uma alma, tornando-se assim um filme bem conduzido, mas de apelo restrito ao mercado americano.
Um detalhe é que a crítica americana em peso amou o filme.
O que Brokeback Mountain tinha de universal em sua condução honesta do relacionamento impossível entre dois homens falta a MILK. É um grande retrato do ativismo gay americano na década de 70, mas isso em si nao entusisma.
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