domingo, 28 de junho de 2009

A Partida mostra a morte para celebrar a vida




Apresentada a um produtor, destes habituados a contar montanhas de dinheiro com alguma coisa 2,3, 4 após o nome do filme, tinha tudo para dar errado. Quem seria louco de transformar em filme a rotina de um sujeito que prepara cadáveres? E quem seria louco de criar várias cenas que mostram corpos e familiares chorando, em um momento no qual os filmes gritam cada vez mais bobagens superficiais - sob o pretexto de alegrar e entreter - para disputar a atenção anestesiada do público?

Sorte que o roteirista Kundo Koyama e o diretor Yojirô Takita estavam longe de Hollywood.

Juntos criaram um dos filmes mais bonitos desta temporada, A PARTIDA, que ehcgou aos cinemas daqui respaldado pelo Oscar de Filme Entrangeiro deste ano. Prêmio que era dado como certo ao espetacular e infelizmente ainda não exibido VALSA PARA BASHIR.

Bonito porque sensível e simples. Conduzido à maneira clássica, com suas viradas bem marcadas e costuradas, de forma a ser bem assimilado, o filme aborda a morte para, no fundo, celebrar a vida.

Seu protagonista, Daigo, um músico desempregado, aceita o úncio emprego disponível em sua cidade natal, o de assistente na preparação de corpos.

Superado o medo, o asco e a vergonha, ele encontra um profundo sentido em sua profissão. O filme revela como a sociedade japonesa, mesmo a contemporânea, profundamente ocidentalizada, ainda tem uma relação unica com os ritos de passagem.

É da observação das cerimônias, das reações de familiares e do aprendizado em lidar com o morto e com a morte que o filme consegue tirar momentos de rara sensibilidade. Um dos mais marcantes é quando o músico , agora agente funerário, retorna de seu primeiro trabalho e abraça desesperadamente o ventre de sua jovem esposa. A cena tao simples mostra o instante exato em que a vida, a pele, o cheiro, o vivo precisa se antepor e vencer o morto, o velho, o podre.

O roteiro amarra ainda um conflito familiar com o pai ausente de Daigo, figura que é temporariamente suprida pelo seu chefe na funerária. Assim segue o filme, acompanhando, com momentos cômicos e emocionantes, a labuta de Daigo, seu chefe (pai) sua jovem e bela esposa, seus amigos de infância.

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