domingo, 28 de junho de 2009

Katyn aponta o dedo para massacre soviético na guerra




O cinema americano contribuiu para moldar o imaginário ocidental sobre a Segunda Guerra Mundial produzindo dezenas de filmes sobre o Holocausto, revelando em algumas produções como A Lista de Schindler e O Pianista os horrores cometidos pelos nazistas.

Pouco ou nada se fez sobre os soviéticos, parceiros dos nazistas em crueldade e barbárie. Coube ao cineasta Andrzej Wajda tocar em uma ferida ainda aberta daquela época, o estúpido e incompreensível massacre das florestas de KATYN, que dá título ao filme em cartaz nos cinemas daqui.

Resumindo, no auge do conflito, por ordens de Stálin, o exército soviético simplesmente prende e mata milhares de oficiais e intelectuais poloneses. Na ótica do ditador, que ainda hoje é admirado por alguns, eliminar o comando militar e a força pensante do país era garantia de que a Polônia não terias forças para resistir à ocupação soviética.

O pai de Wajda foi uma das vítimas dos massacres. Tão abominável quanto o fuzilamento com uma bala na nuca e o enterro em valas coletivas foi a estratégia dos exército soviético, que durante anos jogou a responsabilidade dos assassinatos nas costas do alemães.

Wajda tratou de dar vida a esta ferida, acompanhando, pelos olhos da esposa de um oficial polonês, os caminhos tortuosos que os massacres de Katyn abriram no país. Seu filme é não-linear e nada espetacular.

Vai e volta no tempo para mostrar o impacto na vida de cada pessoa afetada direta ou indiretamente pelos massacres. Equilibra estes momentos de grande impacto - a produção é impecável - com a tentativa da população de retomar uma rotina normal após a guerra. Nada se podia falar sobre o episódio, sob pena de prisão e fuzilamento por parte dos soviéticos.

Ao dividir a observação e o sofrimento dos seus personagens perante o fato e a versão fabricada do fato, Wajda se afasta do espetáculo de imagens chocantes ( sim, elas estão lá, mas a serviço de uma proposta muito maior que a simples denúncia) e cria um painel sobre a história (com H) e a memória. E com segurança, entrelaça as duas para reforçar a velha e batida idéia de que a história é sempre contada pelos vencedores. Mas á margem da História também é feita de maldades indescritíveis. Wajda exorcizou as suas.

Assista ao trailer de Katyn

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