terça-feira, 7 de abril de 2009

Três Macacos incomoda e vai na contramão do cinemão

Três Macacos, o filme turco que deu ao cineasta Nuri Ceylan a palma de ouro de Direção em Cannes, é um filme angustiante do primeiro ao último plano. Não se está aqui diante de um filme de digestão rápida e fácil. Seus longos planos e silêncios incomodam. mais que isso, eles reforçam o tempo todo a sensação de que algo está muito errado nas relações da família do motorista que assume um crime do patrão em troca de dinheiro.
Poucos filmes são tão econômicos e sintéticos na abordagem de conflitos familiares. Fala-se pouco e o pouco que se fala é geralmente mal assimilado.
Com o pai preso, o patrão seduz a mãe. O filho desempregado não vê grandes perspectivas de vida. Ainda há o fantasma do filho menor que aparece para a família.
A trilha sonora do filme é construída por ruídos da rua e sobretudo pelo vento que movimenta as cortinas do minpusculo apartamento da família. Pai, mãe e filho varreram tanta sujeira debaixo do tapete que o peso emocional deste trio é quase insuportável. É justamente este peso que o diretor filma, sem consessões fáceis. A imagem é escurecida, triste. Os planos de longa duração incomodam. A narrativa explica pouco sobre a motivação dos personagens. O que não se resolve ou não se admite, na contramão da psicanálise freudiana, vai matando aos poucos por dentro.
Dá para contrapor Três Macacos a Entre os Muros da Escola. Se neste professor e alunos se utilizam da linguagem como ferramente de afirmação social e de agressão aberta, naquele a linguagem sequer é encarada como recurso.
Melhor nada ver, nada ouvir e nada falar, bem como na parábola oriental dos três macacos.

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